quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Composição: O Outono

Eu gosto muito do Outono. É uma das quatro melhores estações do ano. Começa com a festa das colheitas e há vinho novo para beber. Eu, às vezes, bebo de caralho que no fim já nem consigo levantar a mota, mas o Pereira, que não bebe por causa de uma ursula no estômago, é meu amigo e ajuda-me a ir para casa.

Também há muitas castanhas e magustos. No ano passado é que não correu muito bem. Os rapazes, de assar e comer castanhas ficam com a cara toda chamuscada. O Toni, que já tinha bebido uns copos e tinha visto um filme chamado "Mississipi em Chamas" foi ao estendal roubar um lençol, botou-o na cabeça e desancou nos catraios. Depois pegou-se à porrada com o padre António porque queria incendiar o cruzeiro. Anda sempre a dizer que nós não sabemos o que foi a Guiné.

É nesta altura do ano que costumamos matar o porco. Aqui na terra temos um costume que é atar o porco pelo pé antes de decidir quando o vamos matar. Um provérbio diz o seguinte:

Pelo Stº André ata o porco pelo pé
Se ele disser qué, qué, pergunta-lhe que tempo é
Se ele disser que tal, que tal
Deixai-o para o Natal

Este ano ninguém percebeu se ele disse "qué qué" ou "que tal que tal". O Ti Romão, que anda sempre com um tiro na asa, jura que quando todos se foram embora o porco se virou para ele e disse "Ide todos para a grande puta que vos pariu, moinantes do caralho". Pegou na cartucheira e PIMBA. Não foi da maneira tradicional, mas deu umas boas feveras.

Também gosto muito das folhas secas. Em frente ao Café Globo existe uma subida toda em paralelo. Quando as folhas estão molhadas é só vê-los cair. A rapaziada junta-se na esplanada a beber umas Cristais e a apostar quem é o próximo transeunte a fazer um ematoma. Ainda hoje o Segóbias malhou... não fez ematoma mas arranhou o nariz. Sempre vale três pontos.

Outra coisa muito importante do Outono é a festa das bruxas, que na cidade acham que é novidade, mas na nossa aldeia já se faz desde antes de Cristo vir ao mundo, por causa dos nossos antepassados Celtas. É costume os moços vestirem as fardas e andar por aí toda a noite, a trocar coisas de lugar, a pregar partidas e a assustar as moças. Este ano, não vesti a máscara tradicional. Vesti uma roupa de Pénis que o meu primo me trouxe da França. Foi diferente, original, mas as moças não se assustaram. Pior... a Paula Gorda sentou-se em cima de mim e foi preciso chamar os bombeiros para me desacoplar. No fim a Paula foi passear no carro de bombeiros.

E para já é isto.

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